CRÔNICA DO DIA: ELE SE FOI…
Há dias que trechos de uma música não saem da minha cabeça. Embora a letra não se relacione diretamente a experiência que eu estava vivendo, partes dela se encaixavam perfeitamente à situação.
“Não sei por que você se foi…”
É fato. Só sei que você se foi. Você teve que ir. Mas o porque eu não sei. Queria que estivesse aqui. Sempre vivemos distantes fisicamente. Também não sei porque. A vida quis assim. Mas nossos corações sempre foram unidos e afins, apesar da distância deste nosso país continental. A invenção de Graham Bell nos ajudou muito com isso. Nos entendíamos em poucas palavras. Você era o queridinho da família, o irmão mais velho, mais responsável, mais sério, o único que não foi criado acreditando em Papai Noel. Mas apesar disso, dentro dessa casca de praticidade, habitava um coração grandioso, generoso e extremamente amigo. Você sempre foi de poucas palavras e eu, sua irmã caçula, de muitas. Éramos complementares. Apesar da grande diferença de idade e de personalidade, nossa responsabilidade e seriedade diante dos fatos da vida, acabaram nos aproximando. Muito. Você do seu jeito mais sério e eu com o meu jeito mais expansivo.
“Quantas saudades eu senti…”
Quantas saudades eu estou sentindo neste momento e vou sentir sempre. Saudade da sua suave autoridade, que lhe garantia ser ouvido nas situações familiares mais espinhosas. Um dom só seu. Me lembro quando nossa mãe querida adoeceu gravemente. Parecia que não ia resistir e os médicos sugeriram uma transferência de hospital para tentar reverter o quadro. Nossos outros irmãos tiveram medo que ela não resistisse. Conversei com vários médicos e diante do que me disseram mais uma vez fiz uso da invenção do Graham Bell para conversar com você. Grande invenção o telefone! Sempre nos deixou tão perto… Expliquei a situação a você e falei das dúvidas dos nossos irmãos. Você foi taxativo: “Faça o que tem que fazer. Estou do seu lado. Se algo não sair como esperamos, teremos certeza que tentamos fazer o melhor”. Pronto. Essa ordem foi suficiente para que eu agisse. Com a transferência, nossa mãe melhorou e após um mês internada, recebeu alta completamente curada. Apesar da distância física, eu não me sentia só. Você estava comigo. Sempre. De verdade.
“E aquele adeus não pude dar…”
Vencido pelas mazelas deste mundo terreno, você partiu. Foi tudo tão rápido. Tão ferozmente doloroso. E a distância não nos permitiu um último abraço, um último carinho, um último afago.
“Estou tão cansado… Tão cansado…”, me disse você na penúltima vez que nos falamos ao telefone. Não sei se foi a forma como disse, as reticências, as palavras implícitas que não chegaram a ser ditas, mas o meu coração apertou, doeu e um pressentimento tomou conta de mim. A hora estava chegando. Qualquer couraça se rompe e as lágrimas são inevitáveis nessa hora. Me mantive firme, tentei lhe dizer palavras de alento. Poucas. E, por fim, apenas “eu te amo muito”. E recebi de volta a mesma frase dita de forma intensa e sentida: “eu também te amo muito”. Ao desligar o telefone, desabei. Sozinha. Silenciosa. Bem ao seu estilo.
Cerca de duas horas depois dessa breve conversa, seu estado de saúde se agravou e eu achei que nunca mais nos falaríamos. Mas guerreiro como só meu irmão mais velho poderia ser, você resistiu por mais uns poucos dias e eu pude falar mais uma vez. Desta vez você só iria ouvir. Falar lhe exigia um grande esforço. Então falei eu. Mais uma vez. “Eu te amo, meu irmão. Estou ao seu lado. Estamos todos unidos em pensamento e no amor que sentimos. Te amo demais!” E num último esforço você disse, quase inaudível, rouco: “obrigado… Eu te amo…”
“Você marcou em minha vida. Viveu, morreu na minha história…”
Você foi um exemplo para todos nós. Não só fez parte da nossa história. Você marcou, você fez a diferença e o amor que sempre nos uniu nunca morrerá. Seguirá para sempre guardado dentro dos nossos corações e nas nossas mentes.
“Gostava tanto de você…”
Eu GOSTO tanto de você! Muito! Para todo o sempre!
Meu irmão, meu amigo, em um momento feliz da minha vida, em que você pôde estar presente fisicamente.
(Referências à música “Gostava tanto de você”, de E. Trindade, eternizada na voz de Tim Maia).
Linda e emocionante crônica minha querida irmã. Vc o definiu muito bem, ele era tudo isso. Nitinha
É verdade, Nitinha. Tudo mesmo.
Muito emocionante!
Bjs, Flavia
Obrigada. Um grande abraço!
Puxa, emocionante seu texto, minha amiga. Sinta-se abraçada. As pessoas que amamos permanecem sempre vivas em nossos corações.
Um grande beijo pra você!
jf
Me senti abraçada, meu amigo. De verdade. Ele permanecerá sempre vivo sim nos nossos corações e na nossa memória. Beijão, JF.
Vc me emocionou com as suas palavras. Quando vc falava dele via que sempre era com muito amor. Força ! bjs enormes e parabéns pela homenagem linda ao seu irmão, tenho certeza que ele merece. Fique com Deus !
É verdade, Beatriz, como se diz por aí, "é muito amor envolvido". Obrigada.
Uma história linda! Cheia de carinho, amor e companheirismo. São os tesouros que levamos desta vida. Bjs
Uma história linda sim, Denis… Beijos,
Sin palabras!!! Muchos besos
Besitos, querida amiga.
Nossa… emocionantes palavras! Que Deus conforte seu coraçãozinho. Beijos.
O carinho dos amigos é reconfortante, querida Márcia. Beijos.
Fatinha sem querer você escolheu a música certa. Ela foi feita pelo Compositor Edson Trindade, para sua filha falecida aos quinze anos de idade. Nos parece ser um música romântica, de abandono, de ida… mas a origem é mais triste. Que teu coração se aquiete neste momento nas boas lembranças e na certeza que estremos todos, um dia, juntos novamente!
Sim, MRCMSILVA, eu mencionei no final a autoria da composição. A nossa história guarda sutis diferenças, mas os versos me tocaram muito na situação em que vivenciamos. A música não saía da minha cabeça nos últimos dias que antecederam sua passagem. Mas obrigada por registrar aqui o fato. Talvez algumas pessoas não saibam dessa história.
E sim, estaremos juntos novamente. A separação é breve. Não é mais do que um instante fugidio em meio a eternidade. Um grande abraço!
Emocinante. Que Jesus conforte os corações enlutados. Um abraço dawueles que não precisam pslavras. Bjs
Obrigada, Jeanine. Um grande beijo.
Texto muito emocionante, que conta sobre amor, amizade e carinho. Sobre um irmão amigo amado que se foi, mas nós sempre nos lembraremos dele como aquele que era guerreiro, gentil, bondoso e muito amado. E mesmo com a morte dele ele ficará em nossos corações pra sempre. Beijos, JP.
E assim ele ficará eternizado… Em nossos corações.
Sim, JP, ele era tudo o que você disse e muito mais. Um grande ser humano. Obrigada por tão bela descrição de alguém muito amado. Um grande beijo!
Fátima minha querida, é com pesar que escrevo no seu blog.Queria escrever umas palavras mais alegres, mas não será possível.Minha amiga meu profundo pesar pela passagem do seu irmão e a toda sua família os meus sentimentos.Sabe que nossa passagem é rápida nessa terra.Um grande beijo com o meu carinho. Marlene Moreira
Obrigada pelo carinho, D. Marlene. Sim, é como disse mais acima, nossa permanência aqui não é mais do que um instante fugidio em meio a eternidade. Um grande beijo.
Meus sentimentos, emocionada com o texto. Te, liguei, abracei, beijei e ainda quero registrar todo o meu carinho, DEUS conforte a vc e familia bjs
ELISANGELA E FAMILIA
Está registrado, Elisangela. Obrigada! Beijos.
Fátima,
Apesar da dor … você conseguiu com tanta beleza, escrever e passar prá gente, o amor que sente pelo seu irmão. Como é importante a gente conseguir demonstrar o que sentimos.
Ainda bem, que o grande Graham Bell continua existindo e trazendo na sua "mochila" … a internet.
Apesar da nossa distância, desejo a você e toda sua família, muita paz. Que esta dor seja amenizada por Nossa Senhora.
O Senhor já está cuidando de vocês !!
Um grande beijo,
Inês Maria S. Gomes e Célio Nascimento
Obrigada, Inês e Célio. Sim, sentimos todo o amparo e amor que o Senhor nos dispensa, apesar da dor da separação. Um grande beijo.
Já faz um ano que estamos sem ele fisicamente, mas ficou sim marcado em nossos corações. Hoje amanheci aos prantos, e por um instante quis voltar no tempo, para aproveitar mais dele, mais com ele. Os 4 anos que conheci e convivi, bastaram, para amá-lo grandemente. Hoje a palavra que me define é somente essa: SAUDADE!